caderno registro
terça-feira, 27 de março de 2012
tocando em frente - Almir Sater
Cada um de nós compõe a sua história
Cada ser
em si
Carrega
o dom de ser capaz
E ser feliz
memorial de formação
terça-feira, 20 de março de 2012
grupos de trabalho G1 e G2
Clique aqui para visualizar seu grupo de trabalho:
G1
e
G2
ficha de dados cadastrais de alunos
Clique aqui para baixar a ficha de dados cadastrais:
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quinta-feira, 15 de março de 2012
tarefa de campo
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dicas para escrever sua história
calendário escolar - 2012
Clique aqui para baixar:
https://docs.google.com/file/d/0Bw0buvObGS1xUXFVSGJRTDBSaXEtTHphTlF5VWxnUQ/edit
sexta-feira, 2 de março de 2012
CARREGO COMIGO
Carrego comigo
há dezenas de anos
há centenas de anos
o pequeno embrulho.
Serão duas cartas?
será uma flor?
será um retrato?
um lenço talvez?
Já não me recordo
onde o encontrei.
Se foi um presente
ou se foi furtado.
Se os anjos desceram
trazendo-o nas mãos,
se boiava no rio,
se pairava no ar.
Não ouso entreabri-lo.
Que coisa contém,
ou se algo contém,
nunca saberei.
Como poderia
tentar esse gesto?
O embrulho é tão frio
e também tão quente.
Ele arde nas mãos,
é doce ao meu tato,
Pronto me fascina
e me deixa triste.
Guardar em segredo
em si e consigo,
não querer sabê-lo
ou querer demais.
Guardar um segredo
de seus próprios olhos,
por baixo do sono,
atrás da lembrança.
A boca experiente
saúda os amigos.
Mão aperta mão,
peito se dilata.
Vem do mar o apelo,
vêm das coisas gritos.
O mundo chama!
Carlos! Não respondes?
Quero responder.
A rua infinita
vai além do mar.
Quero caminhar.
Mas o embrulho pesa.
Vem a tentação
de jogá-lo ao fundo
da primeira vala.
Ou talvez queimá-lo:
cinzas se dispersam
e não fica sombra
sequer, nem remorso.
Ai, fardo sutil
que antes me carregas
do que és carregado,
para onde me levas?
Por que não dizes
a palavra dura
oculta em teu seio,
carga intolerável?
Seguir-te submisso
por tanto caminho
sem saber de ti
senão que sigo.
Se agora te abrisses
e te revelasses
mesmo em formas de erro,
que alívio seria!
Mas ficas fechado.
Carrego-te à noite
se vou para o baile,
De manhã te levo
Para a escura fábrica
De negro subúrbio.
És, de fato, amigo
Secreto e evidente.
perder-te seria
perder-me a mim próprio.
Sou um homem livre
mas levo uma coisa.
Não sei o que seja.
Eu não a escolhi.
Jamais a fitei.
Mas levo uma coisa.
Não estou vazio
não estou sozinho,
pois anda comigo
algo indescritível.
Poesia de:
Carlos Drummond de Andrade.
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